quinta-feira, novembro 27, 2008

Lady Lade



A mulher neste retrato é Lady Lade, nascida, segundo algumas fontes internéticas e inseguras Smith, segundo outras, na improvável família Derby. Improvável porque, como se vê na pintura, o negócio da moça era mesmo cavalo. Maneja as quatro rédeas com tranqüilidade – não entendo nada de equitação, mas imagino serem duas para o freio, e duas para o bridão, para controlar cavalos difíceis – com postura perfeita, montada em um cilhão, ou seja, o arreio do tempo em que não ficava bem para uma dama abrir as pernas em público, nem em cima de um cavalo. Nota-se também que o cavalo, por própria indocilidade ou exibicionismo da amazona, empina sobre as patas traseiras, indicando que o artista pretendeu salientar as virtudes eqüestres da retratada.

É um quadro encomendado pelo então Príncipe de Gales, no século XVIII, que veio a ser o rei George IV da Inglaterra, a George Stubbs, um especialista em pinturas eqüestres. Ao que consta, o retrato sempre foi pouco visto, pois nas últimas centenas de anos esteve pendurado em uma das mais recônditas câmaras do Castelo de Windsor.

Conhecendo a história da ginete, fica fácil imaginar o porquê. Nascida no seio magro da “working class”, biógrafos (eufemistas talvez) dizem que ela trabalhou como “servant” em um bordel, mas o fato dela ser jovem, bonita, mal nascida e morando em um lupanar nos autoriza a imaginar que provavelmente a futura amiga do rei tenha recebido alguns presentes em retribuição a favores sexuais.

Quem a tirou daquele lugar foi o lendário criminoso salteador de estradas (highwayman), John “Sixteen String Jack” Rann. O apelido entre aspas é porque o dândi se vestia de maneira extravagante e exuberante. Como assaltante, era um craque nos cavalos e veículos de tração eqüina, habilidades que transmitiu à namorada. Quando foi preso e enforcado em 1774, Laetitia Smith ou Derby tornou-se amante do Duque de York e algum tempo depois, do milionário Sir John Lade, seduzido por sua perícia eqüestre, com quem veio a se casar, sob protestos da sociedade e da família, em 1787.

Sir John era um estróina, pródigo, perdulário, gastador, viciado em corridas de cavalos, que dissipou toda a sua imensa fortuna futilmente, enfim, um genuíno e pioneiro “sportsman” britânico, de quem se cogita uma ligação com o famoso salteador nos negócios de cavalo, ele próprio um ousado ginete colecionador de façanhas. Daí a sua proximidade com o Príncipe de Gales, também aficcionado do turfe. A histórica fofoca prossegue com a insinuação de que o futuro rei arrastava uma asa real para a moça, proibida por ser mulher do amigo (será?), daí a encomenda do retrato. E Laetitia se destacava na turma, que tinha o mau hábito de tirar perigosos rachas, montados ou pilotando poderosos carros de quatro cavalos, nos locais mais inconvenientes.

Figura interessantíssima, não é? Pra apimentar um pouco mais a história, podemos imaginar que Laetitia e o salteador John Rann, com suas extravagantes indumentárias, fossem a mesma pessoa, e tenham enforcado alguém no seu lugar para que ela pudesse livremente flanar com o Duque de York, Sir John Lade, e sua majestade.

segunda-feira, novembro 24, 2008

Uma história pra contar


Como dizem os esportistas, uns voltam com a medalha, outros com uma história pra contar. Sábado fiz a minha melhor prova, um tempo ótimo, mas não tive lá muita sorte. Meu contato em Porto Alegre, que ficou de arrumar o barco, não conseguiu nada até o fim da tarde da véspera. Acabei conseguindo um legal de um clube daqui, que ia usar um barco do meu clube pra outra prova. Mas só deu pra dar uma voltinha, com um vento infernal, sem poder regular nada. Na hora da largada, no dia seguinte, cheguei na cabeceira da raia e tinha partidor pra todos menos pra mim, porque haviam instalado errado e um dos partidores estava na raia de retorno. Havia um forte vento lateral e fui muito prejudicado, já que todos tinham gente para segurar o barco menos eu. Larguei em último, com o juiz na lancha gritando pra eu me afastar dos outros barcos, me ameaçando de desclassificação, quando na verdade os outros que estavam vindo pra cima de mim (lá não tem balizamento), o que me atrapalhou um pouco. Deixei estes dois barcos pra trás, e quando vi estava emparelhado com o terceiro, que vinha pelo lado oposto da raia, no lado protegido do vento, perto dos clubes. Fui olhar de novo só quando estava já ouvindo a gritaria do público, lá no final, e ele estava do meu lado (segundo meu time, eu estava um pouco à frente), e remei forte até o final, com a impressão de ter chegado na frente. Cheguei na premiação depois, pois estava lá no meio do canal, na raia de fora, e ouvi que o terceiro havia sido o cara. Depois saíram os tempos e o meu era menos de 1 segundo atrás do cara (3'52"6 e ele 3'51"7). Na outra bateria da minha classe, que veio logo na seqüência, meu tempo daria o segundo lugar. Pena.

segunda-feira, novembro 17, 2008

Segundo