sexta-feira, outubro 05, 2007

E viva o Guga*

Senhor Fausto Wolff,

Compreendo a sua difícil posição, de ser obrigado a confessar o furto da propriedade intelectual de um colega de profissão, mas lamento o uso da ironia como cortina de fumaça da sua própria vergonha, denunciando o plágio de um outro colega, o Salomão Schwartzman, e pior, atacando um leitor indignado (leitores, além do autor, são também vítimas do plágio) que com toda justiça reclama indenização ao plagiado, expondo seu nome e endereço não para conseguir seus quinze minutos que um e-mail jamais proporcionaria, mas para evitar ostensivamente o escudo do anonimato.

Não sou um leitor do seu blog ou do JB, mas me interessei pela discussão porque a questão do plágio me atrai. A maioria das denúncias de plágio me parece infundada, fruto da incompreensão da atividade criadora, como aqueles que acusam Jobim de ter plagiado Chopin em "A insensatez". Eu imagino a cena do Jobim mostrando ao Vinícius a molecagem de tocar o prelúdio em ritmo de bossa nova, e o poeta já aproveitando o mote da insensatez de assim interpretar a obra. A carga de novidade é tão grande que o prelúdio passa a ser o simples chassis de uma obra original de grande qualidade.

A idéia desvinculada do produto final que a suporta não tem proteção legal, um conceito que contraria a intuição, em um primeiro momento, mas está bem fundado nos limites do alcance da lei e da atividade jurisdicional. O leigo intuitivamente compreende que o autor não é quem inventa a história, mas quem a conta. É o que fica claro no cinema, que apesar de ser considerado para efeitos jurídicos uma criação coletiva, todo mundo reconhece maior - para não dizer toda - carga autoral para a figura do diretor, que é quem efetivamente conta a história. São muitos os exemplos da mesma história contada por diversos autores, como a história de Canudos, por Euclides da Cunha e Vargas LLosa, ou mais recentemente a história do Zorro, recontada pela Isabel Allende.

A baixeza da sua defesa, servilmente se desculpando do autor como se fosse crime menor roubar de um anônimo criador perdido na internet, impede qualquer empatia ou compaixão com a sua confissão. Melhor solução seria mudar de nome ou de profissão.

Anonimamente

Pecus Bilis
*Guga aqui.

quinta-feira, outubro 04, 2007