sexta-feira, maio 25, 2007

Bico-de-lacre



Aves bem pequenas de origem africana, bastante comuns em São Paulo, andam em grandes bandos, e quando não tem ninguém olhando às vezes vêm ciscar no meu pequeno gramado. Quando são surpreendidas, decolam com estardalhaço.

quarta-feira, maio 23, 2007

Prisão 3



(ouça aqui com o autor) Elliott Simth


drink up, baby, stay up all night

the things you could do,

you won't but you might

the potential you'll be,

that you'll never see

the promises you'll only make

drink up with me now

and forget all about

the pressure of days

do what I say

and I'll make you okay

and drive them away

the images stuck in your head


people you've been before

that you don't want around anymore

that push and shove and won't bend to your will

I'll keep them still


drink up, baby,

look at the stars

I'll kiss you again

between the bars

where I'm seeing you there

with your hands in the air,

waiting to finally be caught

drink up one more time

and I'll make you mine

keep you apart

deep in my heart

separate from the rest

where I like you the best

and keep the things you forgot

segunda-feira, maio 21, 2007

Prisão 2


Uma vez uma filha minha inventou de ter um canarinho e eu li um pouco sobre o assunto. O livro, escrito por um criador e por isso mesmo suspeito, dizia que são aves tão frágeis e temerosas dos predadores que são mais felizes na gaiola do que na natureza. E para reforçar o seu ponto sustentava que a gaiola de um canário tem sempre que ficar encostada a uma parede, para que ele possa controlar os lados restantes, como um gangster no restaurante. Pendurada livre, a recomendação era de que um dos lados fosse coberto por um papelão. É uma tese.

sexta-feira, maio 18, 2007

Prisão 1


Acordar minutos antes do despertador tocar, consultar o relógio com pouca esperança de ainda haja tempo pra dormir um pouco. Esfregar os olhos, tomar coragem pra sair das cobertas quentes como quem mergulha na piscina sem saber a temperatura da água. Lá fora ainda está escuro e provavelmente frio, talvez até ventando ou ainda uma leve garoa.. Dez minutos para a seqüência de providências: tomar água, urinar, por as lentes de contato no olho remelento, escovar os dentes apressadamente, ficar nu, pesar, vestir, a dúvida em evacuar agora ou na volta. Encher o “squeeze” de água, comer uma barra de cereais, pegar a chave, a carteirinha, a bicicleta com os pneus já um pouco murchos, e pedalar pelo asfalto irregular, os músculos ainda doloridos do dia anterior, a força extra da subida da ponte, a troca de marchas nada suave do câmbio barato, o freio guinchando na descida, bater na porta da passagem de pedestres da alça da ponte da cidade universitária para que o sonolento guarda abra, contornar os bloqueios que seguram os pedais e acelerar já paralelo à raia. Abrir com a mão o portão automático há meses quebrado, deixar a bicicleta no apoio, tirar a chave da meia, pegar o squeeze, ir até a garagem, cumprimentar o pessoal tomando várias decisões rápidas da modalidade de cumprimento a cada um, de acordo com a circunstância, alongar-se se não estiver atrasado, ouvir as piadinhas bobas de sempre, levar os remos para o flutuante, tirar o barco da estante, por no cavalete, checar as peças móveis, por o barco sobre a cabeça, andar até o flutuante, por o barco na água, encaixar os remos nas braçadeiras, embarcar com cuidado, remada um dois três quatro, um ou outro educativo, treino, tiro, ignorar como os outros os inúteis comandos do chefinho na proa, se a ressaca for braba torcer pra acabar logo, se estiver inteiro achar pouco. Encostar, soltar o parafuso da braçadeira, tirar o remo, calçar o tênis, por o barco sobre a cabeça, levar até o cavalete, secar o barco ou buscar o remo, por o barco na estante, escamotear o alongamento, despedir-se vagamente, pegar a bicicleta no cavalete, pedalar até em casa já tendo que contornar os pedestres na ponte, largar a bicicleta debaixo da escada, sentar pra tomar café ou correr até o trono, se for necessário, de qualquer jeito folhear o jornal. Ficar nu, pesar-se, tomar banho, pentear-se, fazer a barba, escovar os dentes, passar fio dental, vestir-se, pegar as contas sobre o móvel da sala, entrar no carro, acionar o controle remoto para abrir o portão, ligar o rádio, e pegar o caminho da roça.

quarta-feira, maio 16, 2007

O animal que pensa que já não vale mais

Parei de fumar no dia 26 de agosto de 2000. Foi nessa época que comecei a fazer check-ups, e estive com o colesterol um pouco elevado. Descobri que as carnes de animais silvestres têm pouco colesterol, são menos gordurosas. Ao contrário dos porcos, bois e frangos, selecionados ao longo de milênios pela característica do maior acúmulo de gordura no menor tempo possível, os animais silvestres tem uma alimentação variada e uma vida ativa, são magros atletas. E mesmo os criados em cativeiro mantêm tais características, por que não foram submetidos à seleção pela aptidão para engorda. Resolvi comê-los. Descobri uma loja na Oscar Freire que vendia uma boa variedade de animais silvestres, e comecei pelo búfalo. Fiz alguns churrascos, e a carne, apesar de boa, vinha em cortes grandes e desajeitados. Daí experimentei o javali, que já tinha comido antes, talvez na Argentina. Comprei um pernilzinho, e perguntei à vendedora o modo mais fácil de preparar. Ela me indicou um vinho fortificado temperado que ela vendia, um aspirante a madeira. Usei e ficou muito gostoso, de um dia para o outro no vinho, mais alguns temperos. E fiz uma cinco ou seis vezes assim. Há um ano ou dois a tal loja fechou. Resolvi fazer o bicho para alguns amigos, e fui ao mercadão procurar. Achei um outro corte de pernil, chamado “corte Fleury”, maior, mais carnudo e com menos osso, e com uma capa de gordura, com um pouco mais de três quilos. Mais macio, mais ajeitado e fácil de cortar. Quando a Sra. Bílis resolveu retribuir o gentil convite da Franka para jantar, no qual foi servida uma maravilhosa moqueca, lembrei do javali e fui ao mercadão comprar. Mas não encontrei o vinho fortificado. Fiz uns cálculos mentais de equivalência e resolvi comprar um porto, pois achei que daria um efeito similar para melhor, devido à qualidade da bebida. Comprei um tawny mais para o seco. Em casa cortei a ponta do saco que continha o pernil na medida de caber a mão, enfiei os temperos de praxe, salsinha, cebolinha, tomilho, um raminho de alecrim – é um tempero perigoso, dominante – cebola, alho, pimenta-do-reino, louro e um pouco de sal, despejei a garrafa inteira do vinho, e fechei o plástico com elástico em torno da ponta do osso. Ficou bem vedado, a pata praticamente mergulhada no vinho, e foi virada várias vezes na noite e no dia que antecederam a assadura. Na hora do forno, pus mais um pouco de sal diretamente sobre a carne, e foi pouco, o que não chegou a ser um grande problema, pois foi fácil corrigir o sal do molho abundante. Da próxima vez usarei o método do Bassi para salgar. Na hora de por no forno, à temperatura ambiente, salgar com sal grosso e deixar por dez minutos (é uma carne grande, para uma picanha seriam cinco minutos) e depois tirar tudo. Uma hora de forno para cada quilo de carne, a primeira hora com papel alumínio, guardei um pouco do molho pra depois. Ficou legal, macio e saboroso.

terça-feira, maio 15, 2007

Utilidade pública

Existe um cacoete de linguagem horrível que anda por aí, em textos profissionais de quem quer se meter a falar difícil, que é o ridículo "no que pertine". O verbo "pertinir" não existe. Existe o verbo pertencer, que deriva de pertinência, pertence, pertença, a relação de propriedade, atribuição, domínio, o necessário.

segunda-feira, maio 14, 2007

Ingratidão

Depois de dar o melhor de mim, em parceria com a Sra. Bilis, em um jantar oferecido à Franka, seu famoso marido Zé, e mais dois simpáticos casais, executando o melhor do meu limitado repertório culinário e mantendo os copos ininterruptamente cheios do melhor vinho da minha modesta adega, vejam o que a Franka aprontou comigo lá no Frankamente.

sexta-feira, maio 11, 2007

Tá bom eu confesso


Frei Galvão, canonizado hoje, aquele ao centro com a mãozinha levantada, é meu parente. Tenho 1.024 avos do seu sanguinho bom.

terça-feira, maio 08, 2007

Monossilábicos




Ando meio silencioso por falta de assunto. Meu interesse está voltado para o mar, e todo mundo sabe que surfistas se comunicam por monossílabos. Embora eu não seja mais que um diletante de fim-de-semana, meu bom condicionamento atual tem me proporcionado bons momentos. Estamos na temporada das ondas, e toda semana entra um marzão novo. Vejam só o que entra amanhã, o qual espero pegar, já em declínio, no sábado de manhã.

sexta-feira, maio 04, 2007

Blues & Jazz



New York Jazz - Inauguração do Birdland em 1949 com o homenageado Charlie Parker presente







Chicago Blues - Buddy Guy e Junior Wells