sexta-feira, junho 30, 2006
Assédio
quinta-feira, junho 29, 2006
Esperando Bardot
Acho ótima a história. Esta mulher é um troço!
quarta-feira, junho 28, 2006
Frio
terça-feira, junho 27, 2006
Além de matar o gato
CC - Porque é que considera ser importante incentivar a «curiosidade apaixonada» do público?
segunda-feira, junho 26, 2006
Ainda São João
O ilustre habitante do Panteão de Paris, (certo Fitzwilliam?) inicia sua argumentação explicando o significado da expressão do título original Midsummer, que não é o meio do verão, mas a data do solstício, uma noite de festa importante e particular dos britânicos: “Na inglaterra de Shakespeare a véspera de Midsummer era a noite fantástica por excelência. Nessa noite, e no momento a ponto em que nascera S. João, é que saía da terra a afamada semente de feto, que tinha a virtude de tornar invisível. Para haverem esta semente, pelejavam entre si com toda a braveza as fadas capitaneadas da sua rainha e os demônios sob o manto de Satanás. Os mágicos mais destemidos, costumavam ter-se de vela nas solidões, com o intuito de ganharem por mão aos espíritos, e apanharem primeiro que eles, a preciosa semente. Muitas vezes porém lhe sucedia aguentar com eles desavenças pavorosas; e a não terem por si feitiços de grande posse, levavem a vida em contingências. Nesses lances, os mais bem livrados eram os que vinham só sovados do conflito.”
Já inventando, chuto que talvez ou até para afastar o desagradável demônio católico do contexto da sua peça leve e onírica, o bardo inglês tenha situado a história na Grécia antiga, limitando a população de seres intangíveis a fadas e duendes, que, por outro lado, nada têm de bonzinhos. Aliás, por se situar na antiguidade anterior a Cristo, talvez não devesse o tradutor ter usado a efeméride católica como referência. O próprio Victor Hugo, por não reconhecer na cultura francesa o significado fantástico da Noite de São João optou pelo tradicional título “Sonho duma noite de estio”. O português que se assina apenas Castilho concluiu ao contrário que “as práticas supersticiosas, crenças de profecias, e quimeras poéticas” em sua terra nada ficam a dever às britânicas, e assim justificou a sua noite de São João.
Mas é a noite em que as amarras do real ficam soltas e o sobrenatural domina, fazendo o amor triunfar sobre o dever, sob o efeito dos feitiços das fadas e duendes.
domingo, junho 25, 2006
São Vito Mártir
sábado, junho 24, 2006
Pura implicância
Ele começa mencionando "a exposição sobre nosso idioma e sua merecida repercussão", sem sequer mencionar que exposição era essa, e demorei - é verdade que ando lento - um pouco para supor que se tratava do Museu da Língua Portuguesa na Estação da Luz. O articulista pelo menos se deu ao trabalho de “defender” - não diz quem, mas se intui os organizadores - da inveja dos "formuladores" de críticas (de onde ele tirou essa expressão?!) por imprecisões históricas, categoria na qual eu o incluiria só por essa menção mesquinha.
E aí envereda em uma cruzada em defesa da clareza da língua, usando uma imagem desagradável: "A Língua Portuguesa precisa de um regime para emagrecer. Deve urgentemente perder celulites que agridem a decantada formosura do seu corpo." Pra mim é um rematado absurdo alguém pregar a redução de palavras de uma língua, ainda que pouco usadas e feias. Como diz o ditado, o que abunda não prejudica. Ele exemplifica com "aleivosia", que qualifica de tenebroso vocábulo, no meu ver adequado ao significado. Prossegue enumerando "jaez, ínterim, encômio, vitupério, entrementes..." que considera "rebarbativas" (isso não é falar difícil?), e segundo ele sempre haveria outra correspondente "mais bonita e mais simples, de igual significado, que todo mundo entende". Pra mim, a sinomínia é sempre aparente, e existem diferenças sutis entre as “iguais”, quanto mais não seja pelo som, e a variedade dá colorido à língua. A sua tese é de que há um gosto pela incomunicabilidade, e falar difícil confere status. E chuta, sem qualquer base ou referência, de que esse gosto vem do latinório dos primeiros bacharéis, e exemplifica com Rui Barbosa, dando a entender que são os primeiros bacharéis brasileiros. Não sei porque o gosto pela retórica pomposa não viria dos antigos gregos, ou dos romanos em decadência, só pra aventar algumas hipóteses.
Há aí uma incoerência na argumentação, porque latim não é português, e o uso de expressões estrangeiras não é exatamente o português rebarbativo, mas sim um outro fenômeno de linguagem. E o Aluízio prossegue no desvio da sua tese inicial, com a seguinte bobagem: "profissionais de outras áreas também criaram jargões próprios, dificultando a compreensão de seus textos pelos outros mortais. Daí o economês, o sociologuês e outros idiomas dentro do idioma." Falcão comete a ingenuidade de ignorar a existência da linguagem científica, estudada pelos intelectuais do chamado Círculo de Viena, que reconheceram a existência de várias linguagens especializadas utilizando ou não o idioma como base, que têm como característica a busca da clareza através dos significados únicos, e só servem aos interlocutores que as conhecem. Não têm nada a ver com o rebarbativo ou o gosto pela incomunicabilidade, muito ao contrário, perseguem a precisão.
Passa a disparar sua metralhadora descontrolada pela literatura, abatendo ao acaso alguns “rebarbadores”, começando em Euclides da Cunha, de quem admite a genialidade que reputa escondida pela afetação, com base no argumento da autoridade de Joaquim Nabuco, novamente construindo seu raciocínio de forma infeliz, pois para Nabuco, segundo o próprio Aluízio, Euclides era um mau escritor. A mim parece óbvio que Euclides não seria Euclides sem a afetação, pois na literatura, ao contrário da linguagem científica, o estilo, ou melhor dizendo o modo de expressão do autor, é indissociável das idéias que expressa. Esperemos só que Aluízo não se proponha a limpar o texto dele.
A vítima seguinte é Augusto dos Anjos, a quem também diz admirar, afirmando porém "que se tornou famoso por seus piores versos, aqueles de linguajar rebarbativo: Cosmopolitismo das moneras/pólipo de recônditas reentrâncias..." É estranho um admirador do poeta não reconhecer o seu escancarado senso de humor nesses poemas gongóricos de metáforas médicas e científicas, esgarçando o idioma ao máximo para dele arrancar imagens de arrepiar, como no genial soneto "Psicologia de um vencido". Igualmente, retire-se essa característica de Augusto, o que sobrará?
No parágrafo seguinte comete um terrível erro de concordância, ao bajular a linguagem jornalística moderna (porque será?): "Inclusive quando incorporam uma linguagem que, pelo uso corrente na oralidade, adquirem o direito de ingressar na linguagem escrita." Esse mérito é no mínimo discutível, primeiro porque o interesse é vender jornais, e também porque não se pode esquecer a responsabilidade dos grandes órgãos de imprensa na manutenção da qualidade lógica e funcional da língua.
Ataca então os parnasianos, e aí falta originalidade à crítica. Desde criança ouço falar mal do apego excessivo às formas e aos temas clássicos e distantes dessa turma. Novidade haveria se tivesse mostrado algo de bom. E falha mais uma vez em seu exemplo: “Mesmo aquele de Olavo Bilac sobre a Língua Portuguesa e que começa com Última flor do Lácio inculta e bela” merece reparos. Primeiro, porque o poeta imaginou que todos os seus leitores tinham a obrigação de saber que o Lácio era uma antiga região da Itália, onde primitivamente se falava o latim.” Foi mal. O Lácio não era, o Lácio é uma importante província da Itália, com mais de cinco milhões de habitantes, onde se encontra Roma, e que tem um famosíssimo time de futebol de mesmo nome, o Lazio. E todos os leitores de Bilac sabem que o português é uma língua latina. Lácio, Latium, latim, não é uma charada tão difícil assim, ainda mais levando em conta o tema do poema e o sentido do verso.
Os dois últimos argumentos também não têm nenhuma lógica, e apontam como culpados pelo falar difícil as teses acadêmicas perdidas no escurinho das bibliotecas – se não são lidas não podem causar dano – e os gramáticos puristas, aos quais, segundo o próprio autor, ninguém presta atenção. É óbvio que as críticas que tais seres retrógrados e obscuros não teriam força nenhuma para barrar o progresso da língua.
É triste ver desperdiçado o espaço nobre de meia página do caderno cultural de um dos mais importantes jornais do país com tanto papo furado.
sexta-feira, junho 23, 2006
Um real por dia
quinta-feira, junho 22, 2006
Pois é
quarta-feira, junho 21, 2006
Solstício

Hoje é o dia do solstício de inverno, ocorrido às 9:27 da manhã. Como o ponto culminante da órbita foi de manhã, acredito que a noite mais longa do ano foi a de ontem, de 20 para 21. Achei esta figura que mostra como os lugares onde o sol nasce e onde se põe se deslocam durante o ano, aqui no hemisfério sul em direção ao norte, e assim o arco aparente que ele descreve sobre um dado horizonte diminui, bem como a altura máxima que o Sol atinge. Eu acho, mas não tenho certeza, que a inclinação desse arco aparente é constante, e representa a inclinação do eixo de rotação da Terra em relação ao plano da órbita do Sol.
terça-feira, junho 20, 2006
Garotas, suspirem

Está no ar o blog do dândi egocêntrico, autocentrado, conservador e bem educadíssimo Fitzwilliam, pavoneando-se fleugmaticamente da sua peculiar visão do mundo.
segunda-feira, junho 19, 2006
A mãe do Freud
domingo, junho 18, 2006
Ô Jayme
sábado, junho 17, 2006
Na toca
sexta-feira, junho 16, 2006
Poço sem fundo
quinta-feira, junho 15, 2006
Corpo de Cristo
quarta-feira, junho 14, 2006
Não vou
terça-feira, junho 13, 2006
A nação em chuteiras

Começa a copa, no dia de Santo Antônio, do qual Zagalo, o pé-quente, é devoto. Anda com um santinho no bolso. Há quem se irrite com a copamania. Um dos argumentos mais usados é o do patriotismo barato, ou até nocivo, que sujeita a nação à manipulação do estado. Tendo a discordar. Aprendi, lendo notícias sobre escândalos, que a CBF é uma associação privada sem fins lucrativos, tipo de instituição hoje comumente chamada de ONG. Um clube de federações estaduais de futebol, por sua vez clubes de clubes de futebol, também associações sem fins lucrativos. Ou seja, toda a estrutura do futebol brasileiro é da iniciativa privada sem fins lucrativos. Clubes formados por amigos amantes do esporte amador, que o amor pelo esporte tornou gigantes, hoje um tanto descontrolados, vá lá. Ou seja, forçando um pouco a barra pode-se dizer que a nossa seleção tem origem remota em sonhos de garotos que organizaram seus times de bairro para jogar peladas nas várzeas. E essa ainda é a origem dos nossos gloriosos craques, milionários que jogam futebol como ninguém no mundo. Dá pra se perceber em cada garoto – e agora garotas também jogam – que joga ou jogou futebol a capilaridade da sustentação popular da seleção brasileira, que transcende manipulações de políticos e patrocinadores, e representa um pouco do que esta nação tem de melhor, nação no sentido humano de identidade cultural e étnica, e não na acepção do falido modelo do estado moderno. Por isso alterei a expressão rodrigueana do título.
Agradeço aos convites dos amigos mas vou ver esse jogo com a família na casa dos meus pais, alguns dos meus irmãos, espero que com filhos e sobrinhos presentes, e quem mais aparecer será muito bem vindo. A celebração das copas está na raiz mais funda da nossa formação.
segunda-feira, junho 12, 2006
Ainda remo
Depois da prova fomos conversar com os vencedores no tempo real, trazidos a segundo no tempo corrigido, uma dupla de um famoso clube carioca. Começamos a conversar sobre o praticamente inexistente circuito de remo master, e o homem da dupla – que também ganhou a prova de skiff master – disse meio sem graça que irá participar dos outgames em Montreal, em julho ou agosto deste ano, explicando que era uma olimpíada das minorias. Depois pesquisei e vi que são os gay games, ou pelo menos um racha da sua sétima edição. Ele não precisava ter feito isso, mas fiquei com a impressão que ele fez questão de declarar a sua opção sexual naquele ambiente presumidamente homofóbico, onde o humor cotidiano é feito basicamente à base de piadas preconceituosas. Foi tratado com todo o respeito mesmo depois da cerveja do churrasco de confraternização.
domingo, junho 11, 2006
Responsabilidade social
Que o altruísmo é um forma um pouco mais sofisticada de comportamento auto-interessado é mais ou menos óbvio. Ninguém é bonzinho por ser bonzinho, contrariando seus instintos animais egoístas, mas porque considera uma postura mais recompensadora. Trata-se de pensar a longo prazo, como investir tempo, dinheiro, energia, ou o que quer que se tenha para aplicar. Na nossa sociedade moderna às vezes o altruísmo fica tão longe da recompensa que são usadas metas abstratas anteriores para simulá-las, como medalhas, prêmios e outros tipos de homenagens, que podem ser ainda mais tênues e impalpáveis. Sábado fiquei duas horas no caixa de uma festa junina beneficente e ninguém me agradeceu. Não que eu esperasse agradecimento, quer dizer, quem iria me agradecer? Os beneficiados, credores de uma sociedade injusta na distribuição das oportunidades, que eu nem sei quem são?
sexta-feira, junho 09, 2006
Fogo de palha
Afora ventos e trovões, a direção é mais ou menos a mesma. Devo estar indo para algum lugar.
quinta-feira, junho 08, 2006
O profeta do deserto
quarta-feira, junho 07, 2006
Opositores
terça-feira, junho 06, 2006
Maratona
Hoje, na raia, o treinador me deu senão o melhor, um dos melhores barcos do clube pra eu treinar, cheio de dedos, recomendações, admoestações e ameaças pela integridade física da embarcação, verdadeira casquinha de ovo. O que eu vinha usando estava com sua arcaica estrutura literalmente desmontando. Foi demais.
segunda-feira, junho 05, 2006
Granola
sábado, junho 03, 2006
O filho predileto de Xangô

Foto tirada do site dele.
sexta-feira, junho 02, 2006
Chá ou café?

Há séculos, ou milênios, os filósofos discutem destino e escolha. Traçamos nosso próprio destino ou estamos a ele condenados, como o pobre Édipo, que quanto mais dele tentou fugir mais na sua direção correu. Existe uma escolha errada, ou existe só uma escolha possível, aquela que se toma? Ainda que se possa ouvir o futuro, as palavras da sibila são sempre entendidas errado. Não vou entrar nessa briga de cachorro grande. Mas assim como não acredito em vocação, aceito que há momentos em que várias escolhas certas são possíveis, e não há como errar.
Uma das sibilas da Capela Sixtina